sábado, 24 de maio de 2014

Ex-prefeito é suspeito de doar áreas de forma ilegal ao irmão e a empresas

MP propôs ação para anular doação de 99 lotes em Águas Lindas de Goiás.
Político nega irregularidades na transferência dos terrenos.

Uma investigação do Ministério Público constatou que 254 mil m² de áreas que pertenciam ao município de Águas Lindas de Goiás foram doados a 70 empresas e nove pessoas durante a gestão do ex-prefeito Geraldo Messias de Queiroz (PP), de 2009 e 2012. Entre os beneficiados está o irmão do político, Ângelo Chaves Queiroz, e empresas.
Devido à transferência dos 99 lotes, considerada ilegal pelo MP, a promotora Tânia d’Able Rocha de Torres Bandeira propôs, no último dia 30, ações civis públicas pedindo que os atos de doação fossem anulados.
Procurado pela reportagem, o ex-prefeito negou as irregularidades na transferência dos terrenos. Ele disse que vai atender ao que a promotoria pedir.  Uma das empresas beneficiadas tem sede do Distrito Federal. O lote de 1,3 mil m² foi murado, mas não está ocupado. Outra área de 25 mil m² foi doada a uma loja de revenda de carros. No entanto, no local começaram a ser erguidos galpões.Segundo o MP, o irmão do prefeito, Ângelo Chaves Queiroz, recebeu dois lotes, um de 3,5 mil m² e outro de 12 mil m², que, originalmente, deveriam ser uma área verde no Setor Parque da Barragem. Atualmente, casas foram construídas no local, aonde mora o ex-prefeito e a família do irmão dele. Ângelo não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
Doações ilegais
A investigação da promotora durou dois anos. De acordo com a promotora Tânia, todas as doações foram realizadas sem licitação, sem motivação da escolha do beneficiário e sem qualquer publicidade. Conforme a legislação municipal, um imóvel público só pode ser doado para pessoa física com autorização da Câmara de Vereadores e não por escritura pública, como foi feito.
Área do município foi doada ao irmão do ex-prefeito de Águas Lindas de Goiás (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)Área do município foi doada ao irmão do ex-prefeito
(Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
Em relação às empresas beneficiadas, segundo a promotora, o prefeito não poderia doar totalmente o terreno, pois os lotes deveriam ser doados por um período de dez anos com o compromisso de que o estabelecimento gerasse empregos e contribuísse para o desenvolvimento do município. Depois do prazo, os beneficiados deveriam pagar pela área. Além disso, a transação deveria ser formalizada em documento.
De acordo com a investigação do MP, antes de doar os lotes, o prefeito alterou a destinação das áreas por meio de decreto tornando elas passíveis de alienação. “Depois disso, ele pegou e lavrou uma escritura pública de doação em favor dessas empresas e essa escritura previa que as empresas deveriam iniciar suas atividades num prazo máximo de dois anos. Ressaltando que todos esses atos foram feitos sem licitação, o que por si só já é ilegal, e aliado a isso se verificou que de todas essas empresas que o Ministério Público inspecionou, apenas em quatro funcionam alguma empresa neles”, explicou a promotora.
Tânia ainda investiga a responsabilidade dos funcionários da prefeitura no processo de transferência das áreas públicas. Segundo ela, os procedimentos foram feitos com o aval de servidores.
Além do pedido de anulação dos atos de doação, o Ministério Público deve entrar com outra ação contra o ex-prefeito por ato de improbidade administrativa. “Esse novo processo prevê, no caso de condenação, a suspensão dos direitos políticos e multa no valor de até 3 vezes o que a pessoa enriqueceu as custas do erário”, afirmou Tânia.
Do G1 GO, com informações da TV Anhanguera

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