Medida prevê que Estado custeie porte e dê R$ 1 mil para compra da arma.
Projeto será apresentado na Assembleia Legislativa, mas já divide opiniões.
População”, o deputado estadual Major Araújo (PRP)
elaborou um projeto de lei para que os cidadãos goianos recebam incentivos do
governo para tirar o porte de arma e o valor de R$ 1 mil para comprar seu
próprio equipamento. Apelidada de “bolsa arma”, a medida deve ser
apresentada na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) na tarde desta
terça-feira (9).
“Não queremos violar o Estatuto do Desarmamento. O
objetivo é garantir à população o direito à defesa. Como o Estado passa por uma
crise de insegurança e não existem perspectivas de investimento nos órgãos
policiais, queremos que cada pessoa possa ter meios próprios para se proteger”,
explicou o parlamentar ao G1.
Araújo, que cumpre seu segundo mandato e é líder do PRP na Alego, explicou que para obter o direito a tirar o porte de arma, segundo o projeto, o cidadão terá de seguir os requisitos da Lei do Desarmamento, sancionada em dezembro de 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre as exigências, ela estipula que apenas maiores de 25 anos possam comprar armas, comprovando as justificativas sobre a necessidade do equipamento, e que o registro seja renovado a cada três anos. Além disso, o estatuto impede que pessoas investigadas por crimes violentos tenham direito ao porte.
Araújo, que cumpre seu segundo mandato e é líder do PRP na Alego, explicou que para obter o direito a tirar o porte de arma, segundo o projeto, o cidadão terá de seguir os requisitos da Lei do Desarmamento, sancionada em dezembro de 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre as exigências, ela estipula que apenas maiores de 25 anos possam comprar armas, comprovando as justificativas sobre a necessidade do equipamento, e que o registro seja renovado a cada três anos. Além disso, o estatuto impede que pessoas investigadas por crimes violentos tenham direito ao porte.
“Esse
estatuto já tem as diretrizes bem definidas e só as pessoas que se enquadrarem
em todos os requisitos poderão tirar o porte. Mas aqueles que puderem
precisarão de incentivos do governo, pois os custos do treinamento e exames
necessários para obter essa licença são altos e devem ser fornecidos. Além
disso, quando o porte já estiver devidamente legalizado, é preciso que a pessoa
receba a verba que a ajude na compra da arma própria”, disse o deputado.
Questionado se não considera o valor de R$ 1 mil
alto para a bolsa, o deputado foi enfático. “De forma alguma, é um valor baixo,
que na maioria das vezes não vai cobrir o valor de uma boa arma. Mas aí o
cidadão terá apenas que completar com a quantia necessária”, ressaltou.
Segundo Araújo, existem inúmeros exemplos de que, quem anda armado, como os policiais civis e militares, deixa de ser um alvo fácil para os criminosos.
Segundo Araújo, existem inúmeros exemplos de que, quem anda armado, como os policiais civis e militares, deixa de ser um alvo fácil para os criminosos.
“Todo mundo sabe que os criminosos não vão roubar
um policial, por exemplo, pois sabe que ele estará armado e pode reagir.
Queremos o mesmo para a população de bem, pois, sem saber quem tem ou não uma
arma consigo, eles pensarão duas vezes em agir. Sendo assim, o objetivo não é
que a pessoa precise usar a arma, mas que ela intimide a ação dos bandidos”.
O objetivo não é que a pessoa precise usar a arma,
mas que ela intimide a ação dos bandidos"
Polêmica
Mesmo antes de ser oficialmente apresentado, o projeto já divide a opinião nas ruas. Para a funcionária pública Indalícia Coelho Silva, de 57 anos, a medida não vai resolver o problema da criminalidade. “Essa é uma proposta descabida, sem sentido, pois vai piorar ainda mais a situação. Com ela, qualquer um poderá ter armas em casa e os criminosos terão meios ainda mais fáceis para se armar. Os deputados devem se preocupar mais é com a saúde e educação”, disse.
Mesmo antes de ser oficialmente apresentado, o projeto já divide a opinião nas ruas. Para a funcionária pública Indalícia Coelho Silva, de 57 anos, a medida não vai resolver o problema da criminalidade. “Essa é uma proposta descabida, sem sentido, pois vai piorar ainda mais a situação. Com ela, qualquer um poderá ter armas em casa e os criminosos terão meios ainda mais fáceis para se armar. Os deputados devem se preocupar mais é com a saúde e educação”, disse.
A opinião é compartilhada pelo aposentado Marcos
Ribeiro da Silva, de 76 anos, que é do Piauí, mas mora em Goiânia há
60 anos. “É um tipo de proposta que só visa atrair polêmica, pois não é
colocando mais armas em circulação que nossos problemas estarão resolvidos. Sem
contar que, muita gente, mesmo aquelas que se enquadram no Estatuto do
Desarmamento, não tem condições psicológicas para isso. Vai ser uma matança
só”, ressaltou.
Mas há quem ache que a “bolsa arma” pode ser o
primeiro passo para acabar com a insegurança no estado. “Hoje, só quem tem arma
é bandido, então, se essa lei for aprovada, será uma oportunidade para o
cidadão se defender. Felizmente alguém percebeu que a nossa situação não pode
ficar do jeito que está, com tantas mortes, assaltos. Pelo menos a gente poderá
se sentir mais seguro em casa”, afirmou a aposentada Maria José Gonçalves
Avelino, de 79 anos.
Constitucionalidade
O projeto de lei é inútil, mas não fere qualquer questão legal na opinião do advogado criminalista Pedro Paulo de Medeiros, que é conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “É um engodo porque, na verdade, remete à lei federal, que já prevê os requisitos para obtenção do porte e do registro de arma. Portanto, não traz qualquer elemento novo, além da oferta em dinheiro para que o cidadão possa adquirir a arma”, explica.
Constitucionalidade
O projeto de lei é inútil, mas não fere qualquer questão legal na opinião do advogado criminalista Pedro Paulo de Medeiros, que é conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “É um engodo porque, na verdade, remete à lei federal, que já prevê os requisitos para obtenção do porte e do registro de arma. Portanto, não traz qualquer elemento novo, além da oferta em dinheiro para que o cidadão possa adquirir a arma”, explica.
Marcos diz que
população não tem preparo psicológico para portar arma (Foto: Fernanda
Borges/G1)
Ele afirma que, em relação à ajuda financeira para
a compra da arma, o projeto não aparenta ter inconstitucionalidade. “No
entanto, analisando o intuito do legislador, certamente, será um incentivo do
Estado a armar a população, algo que já foi reconhecido, desde o referendo, que
não é a intenção da maioria da população brasileira”, pondera o advogado.
Isenção para itens de segurança
Outra proposta de autoria do parlamentar é a isenção de impostos para itens de segurança, como câmeras de monitoramento, alarmes e cercas elétricas.
Outra proposta de autoria do parlamentar é a isenção de impostos para itens de segurança, como câmeras de monitoramento, alarmes e cercas elétricas.
Segundo ele, cada vez mais a população precisa
instalar os equipamentos nas suas casas e os custos têm que ser mais baixos.
“Esses incentivos fiscais vão ajudar o cidadão a se proteger melhor, com acesso
à esses produtos, então, eles são fundamentais. Quanto mais baratos forem os itens,
mais as pessoas poderão se equipar”, disse.
Araújo ressaltou, ainda, que as autoridades
policiais dependem, cada vez mais, das imagens feitas nas casas e comércios
para investigar os crimes. “Esses registros são importantíssimos, pois ajudam a
elucidar muitos casos. Sendo assim, nada mais justo que a pessoa possa se
resguardar de um crime e, caso ainda assim ele aconteça, ela possa ter a imagem
do que aconteceu. O governo tem que dar esse incentivo”.
O parlamentar diz que projeto deve ser apresentado
a Alego nos próximos dias. “São medidas que visam dar uma melhoria na segurança
pública, que é um assunto tão latente na nossa sociedade”, explica.
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